segunda-feira, 8 de junho de 2009

HORA DE REVER CONCEITOS- PARTE II

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Postado por Gigi
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No post “No coração das trevas" escrito por meu amigo Emerson Gonçalves em seu Olhar Crônico Esportivo( link em "Vale a Pena Espiar"), postei um comentário que recebeu uma atenciosa resposta:

Comentário:
" Emerson, infelizmente é da natureza do ser humano: quanto mais espaço ele tiver, mais ele se espalha…Não concordo com esta opção de torcida única.Se seguirmos optando por opções simplistas, em breve só veremos jogos pela televisão, por medida de segurança os estádios serão fechados ao público, a venda de camisetas será proibida pois usá-las significa risco de vida, etc…Não acho que seja este o caminho.
Mas sou radical quanto às mudanças que se impõem.Mudanças de comportamento geral, de “a” á “z”.E talvez por isso você tenha achado que “peguei pesado” outro dia.Enquanto ficarmos arrumando desculpas para jogadores violentos, técnicos que incentivam a violência, cegueira de árbitros, torcidas organizadas e determinado tipo de imprensa que vive de manchetes e notícias provocativas ou mais objetivamente, fofoca barata, o futebol só tende a perder cada vez mais a seriedade.A época da máxima que “futebol é coisa de macho” morreu quando as pessoas trocaram as provocações verbais divertidas, pela violência física. Já era.

Só falta acordarmos para isso."

Resposta:
"Gigi, concordo em parte contigo.No que diz respeito à torcida única nem há o que comentar. É uma postura anti-esportiva e, sobretudo, covarde, a capitulação do Estado aos bandos organizados. Minha abordagem irônica no texto deixou a desejar e alguns leitores não a perceberam, sinal que preciso expressar melhor minhas ideias.No mais, não gosto da restrição ao trabalho de jornalistas, mesmo que não goste da forma que se expressam, do estilo, dos meios. Se um jornalista claramente incentivar a violência, deve ser processado. Mas não vejo isto.Enxergo as coisas com simplicidade cada vez maior, à medida que avanço nos anos vividos.Educar, como disse um leitor, é fundamental, é básico. Fundação, fundamento, base… Alicerce… Não há casa sem alicerce, não há civilização sem educação.Mas, a punição é parte da educação, vejo isso cada vez mais claro.Há que punir.E o Brasil não pune.A sociedade brasileira não pune.O Estado brasileiro não pune.Creio que em lugar algum do mundo uma vida humana vale tão pouco como aqui. Um crime de morte, por hediondo que seja, vale entre nós por volta de seis anos de cadeia.Isso não existe.Se um assassino covarde e frio paga pela vida de alguém com 6 anos de prisão, por que prender e punir um coitadinho dum “torcedor” que surrou outro?Pela lógica tupiniquim, esse elemento deve ser premiado.
Você fala em cegueira de árbitros.Não só você, mas a quase totalidade dos torcedores e críticos.Ora, os árbitros enxergam hoje melhor que há 50 anos.Apitam melhor hoje que outrora.A diferença, Gigi, é que o olhar eletrônico que acompanha os jogos evoluiu de forma dramática. Falo com tranquilidade, é minha área de trabalho há quase trinta anos.Os árbitros, no geral, são ótimos.O que tem que parar, na minha opinião, é a intolerância com relação a eles e a seu trabalho.Digo mais: o futebol, desde seu nascimento, convive com a falha humana, seja do goleiro, do zagueiro, do atacante ou do árbitro.É o mais humano dos esportes.Só nos falta aceitá-lo como tal e deixar de perseguir uma perfeição que nem como teoria existe, pois nesse caso todos os jogos perfeitos terminariam em 0×0.
A violência nos estádios tem pouco a ver com esses fatores - arbitragem, falatório de técnicos e jornalistas, faltas violentas. Ela tem mais ou tudo a ver com o “fora dos estádios”.
É o que eu penso.

EG"

Em conseqüência e na seqüência, devido a repercussão do primeiro post, vieram(para desespero do Emerson, que não gosta de discutir arbitragem)“Arbitragem e tolerância” e por último “Sobre Kleber, faltas e o “vou-me embora”.
No post “Arbitragem e tolerância”, há uma referência à Tostão, a quem também admiro, e achei interessante colocar aqui um pouco do sentimento desta pessoa de trajetória vitoriosa:





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Crônica :
Futebol, TV e Violência

Durante oito anos, de 1994 a 2002, acompanhei no estádio a maior parte dos treinos e jogos da Seleção, estive presente nos últimos três mundiais e assisti às principais partidas das equipes brasileiras.

Nos últimos anos, mudei de vida, fui sentir o cheiro do verde, escutar os passarinhos e passei a ver a maioria dos jogos pela televisão. Agora tenho mais informações e vejo um número muito maior de partidas, em todo o mundo. Perco alguns detalhes técnicos e táticos.
Quando assistimos a uma partida pela TV, não vemos com os nossos olhos, e sim com os olhos de quem trabalha atrás da câmera e na edição das imagens. O operador não vê o jogo. Vê imagens. A imagem é fria, insensível e não pensa. Imagem não é tudo.

O fato de ter sido um jogador que tinha a preocupação de observar o conjunto e um comentarista de partidas ao vivo pela TV, nos estádios, durante muitos anos, me deu condições para imaginar e deduzir alguns detalhes técnicos e táticos que a imagem não mostra. Tento — e muitas vezes consigo — diferenciar o jogo editado do verdadeiro.

O ideal seria ir bastante aos estádios, ver todos os jogos e noticiários pela TV e ainda assistir aos treinos das equipes. Isso não é possível. O ideal é algo inatingível, com uma distância variável da realidade, que serve de referência para os nossos sonhos.

Pretendo ir mais aos estádios, mas fico desestimulado ao ver agressões verbais e físicas, pontapés e socos, como aconteceu em vários jogos na última semana. Isso não é futebol. Os agressores e os árbitros incompetentes precisam ser punidos.
Ao mesmo tempo em que começam a melhorar as condições dos estádios e se reduzem as brigas nas arquibancadas por causa do Estatuto do Torcedor, aumenta a violência nos gramados. Tudo começou com excesso de faltas, algumas violentas, e já virou literalmente caso de polícia. Aonde isso vai chegar?”
................................................Eduardo Gonçalves de Andrade (Tostão)

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Destaquei os dois últimos parágrafos por entender que traduzem muito do que penso. Na verdade, me senti muito bem acompanhada.

Pontos de vista diferentes, pois enquanto meu amigo Emerson fala em tolerância, falo em mudanças radicais.
Falo da reavaliação do futebol em seu contexto.
Falo em perceber a seriedade do momento e admitir que não há mais espaços para meios-termos.
Para não alongar ainda mais o post, nos próximos dias abordarei separadamente:
Arbitragem;
Torcedores;
Jogadores, técnicos e dirigentes.
Papel da Imprensa

Por enquanto, deixo este post para reflexão e comentários dos amigos.

7 comentários:

mundy disse...

Bem amigo Zé, não tecerei comentários a respeito deste post ainda, mas vou falar sobre um jornalisat que tu gosta muito o Lucio de Castro, o tenho em boa conta, mas agora há pouco no Tá na area deu uma escorregada danada a dizer que Adriano o do Fla, merece uma chance na seleção no futuro, olha que em desculpe o LC , mas Adriano na seleção ele só pode estar de sacanagem ou então deixou o lado torcedor aflorar, caso seja flamenguista ou seu patrão exige isto na mídia, e LC acabou se curvando ao quarto poder,uma pena a escorregada, mais uma dessa e o incluirei na lista dos que já não presto atenção no SPORTV.

Emerson disse...

Gigi, o que motivou meu post, acredite, foi o "cegueira da arbitragem".
Não consigo concordar com isso.
Não consigo aceitar a caça às bruxas contra os árbitros, ela é errada e injusta.
Tampouco concordo com essa visão ideal de um futebol que nunca existiu, não existe e, acredito, nunca existirá.
Um de meus maiores prazeres é discordar do Tostão, o que faço muito pouco.
:o)

Gigi disse...

MUNDY, eu sinceramente não sei para qual time o Lúcio torce.
Não vi o programa hoje.
Para poder entender a opinião dele gostaria de saber em qual contexto ele falou isso.
:o)

EMERSON, fiz uma pequena edição no texto.
Não quis dizer que seus posts foram em consequência do meu comentário e da sua resposta, e sim da repercussão que teve entre os internautas o seu post.
:o)

Quanto a "cegueira" dos árbitros e outros pontos, como escrevi, falarei sobre uma coisa de cada vez.
Infelizmente não sei ser sucinta, e se falasse o que penso sobre a arbitragem hoje, deixaria de ser um post e passaria a ser uma "tese".
;o)

Fernando Xaruto disse...

Boa noite ... saudações rubro negras ... assunto de arbitragem ou melhor de erros cometidos pelos arbitros de futebol sinceramente eu passo e voto nulo até por que é um problema da mãe deles e não minha ... comentarista de futebol só conheci um que falava o que tinha de falar e não tinha medo de patrão e nem de perder o emprego ... o nome dele era João Saldanha ... fora isso que vejo ou escuto são uns falando certo ora errado e ninguem foje a regra a não ser aqueles que ridiculamente preferem dar uma de Pedro de Lara como este tal de Ruinzek ...

PS: ADRIANO NA SELEÇÃO JÁ!!!!


Vovô Xaruto

AMBROSIO disse...

To na fila agurdando ....quando o assunto for arbitragem vou estar com meus dipomas nas mãos..prontinho...rsrsrsrssrr.

Sobre dirigentes ,tecnicos e jogadores, tambem tenho opinião a compartilhar...

Papel da imprensa, a muito deixou de ter papel..

Menina sempre te achei tão suscinta e de poucas palavras....

bjos.

Pédre Cóshta disse...

Bom dia.
Parabéns pelo post, Gigi!

Tal como o noblíssim'Ambrósio, fico à espera dos vários capítulos que prometeu colocar, em colaboração com o Zé.

Lembra-se de eu, há dias, ter falado de Ronaldo e de o ter comparado com Kaká, o ícone do politicamente correcto?

Ora bem, e não é que eu acertei?!

No seguinte excerto, tirado do GloboEsporte, Kaká consegue dizer branco e preto acerca do mesmo assunto, de modo a ficar com a pose de bom moço e de ser politicamente correcto...

"DIFERENÇA PARA O MANCHESTER CITY

São dois clubes diferentes. Pela situação e pelo momento. O Manchester City foi a primeira vez que o Milan aceitou avaliar uma oferta. Era meio da temporada, tive um forte impacto emocional, pela forma que os torcedores se mobilizaram, e decidi ficar. Agora é uma outra porta que se abriu, e o clube mais uma vez avaliou uma oferta. Achei que seria interessante, é um projeto esportivo interessante, uma motivação para mim aos 27 anos. Acho que será um impulso importante para continuar buscando sucesso na minha carreira.

SAÚDE FINANCEIRA DO MILAN

Todos foram pegos de surpresa com a crise mundial. Os clubes também, como o Milan. Isso foi passado para mim, soube que talvez a melhor forma de ajudar o clube no momento seria aceitando a transferência. A principio, minha idéia era ficar no clube, como sempre falei. Quero deixar claro que não foi uma escolha econômica, senão poderia ter feito outra escolha. Se um dia eu tivesse que sair gostaria de jogar no Real. Se por algum motivo isso tivesse que acontecer, como agora, eu gostaria de jogar no Real."

um abraço

Gigi disse...

Bom dia Pedro, e muito obrigada!
:o))
O assunto merece mesmo muitos debates.
Acho que é uma forma de analisarmos várias opiniões e quem sabe contribuirmos todos, um pouquinho que seja, para que nosso futebol ache um novo rumo, sem tanta violência em todas as esferas.
.
Bem, quanto aos atletas citados, são pessoas diferentes, mas que de qualquer forma vão abrindo espaços e firmando seu nome.
Se eu fosse comparar, diria que o Ronaldo nesse aspecto, está mais para Romário.
E o Romário firmou seu nome e conquisrou seu espaço.
O que importa na verdade, é a qualidade. E isso os dois têm de sobra.
;o)